Ali estava eu, caminhando pelas ruas de Praga. Vivendo entre livros que me transportavam para outra dimensão. Passando por pontes misteriosas que me faziam voltar no tempo, admirando portas que sussurravam segredos de outros mundos.


Sem saber exatamente se eu era uma turista por aquela cidade, ou se aquele destino já fazia morada dentro de mim.
Cada canto parecia um chamado, uma história pedindo pra ser contada.


No coração de Malá Strana, me senti protagonista de uma narrativa invisível. A sinaleira vermelha parecia um alerta para quem quer se perder no tempo. Se deixar levar por Shakespeare que me convidava a explorar a vizinhança, ou pelos casais que não continham suas paixões nos murais embaixo das pontes. Meu sorriso transbordava uma curiosidade inquieta de quem permite se perder só pra se encontrar de outro jeito.


A biblioteca me acolheu como quem sempre esperou por mim. “Ille vos docebit omnia” — dizia a faixa que seguravam os anjos na entrada, que só depois de muito tempo soube decifrar que o ditado em Latin mencionava: Ele vos ensinará todas as coisas! O teto celestial, seus livros antigos, e os astrolábios pareciam saber mais sobre o tempo do que o próprio tempo. Talvez o espaço com tantos livros que hoje não podem nem se quer, serem tocados, sejam de fato, um convite silencioso para quem gostaria de reescrever o passado.


Até Shakespeare me encarou da fachada e pareceu sorrir com cumplicidade. Enquanto as janelas do PLNÝ PEKÁČ se conectavam comigo de alguma forma. Senta aí, curte mais um pouquinho, eu conseguia ouvir os personagens ganhando vida e falando comigo.
A rua mais estreita do mundo, agora tinha um sinal verde e me convidava a seguir. E eu fui! Com a confiança de quem dá ouvidos aos sinais, sejam eles os segredos no peito, ou dos demônios que te desafiam de longe. Eles sabem que quando o meu coração está viajando, é impossível vencer qualquer batalha.


Como não amar esse destino? Praga me lembrou de todas as maneiras que criatividade é ter olhos de turista dentro da alma. É ser estrangeira no próprio mundo, dizendo sim aos convites dos anjo de plantão, que te escolhem a dedo, para relembrar as histórias que você deseja que não tenham fim.
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Reflexão do livro a Biblioteca da Meia Noite
Para quem ainda não leu, o livro A Biblioteca da Meia-Noite foi uma inspiração para mim. Devorei aquelas páginas em poucos dias, e acredito que é o tipo de leitura que todo mundo se identifica. Parecia que vários capítulos tinham sido escritos por mim, ou pra mim?
Acompanhando a personagem Nora Seed, me vi questionando também as escolhas que fiz, os caminhos que deixei de seguir, e me pegando naquele pensamento insistente: E se…?
E se eu tivesse dito sim? E se eu tivesse ficado? E se eu tivesse tido coragem? Eu se eu nunca tivesse ido?
O livro me lembrou que, por mais que a vida pareça injusta em certos momentos, cada passo tem um propósito — mesmo aqueles que parecem tropeços. Ele me fez perceber que, para entender o valor de uma única vida, talvez seja mesmo necessário vivê-la por inteiro.
Ou, como Nora, talvez você precise experimentar versões alternativas de si mesma para enfim reconhecer que nada é por acaso!
Estar em Praga, entre livros centenários e portais simbólicos, só reforçou essa sensação. Era como se a cidade sussurrasse, junto com o livro: “Você está exatamente onde precisa estar. O agora é seu capítulo mais importante.”
Você já leu ou teve algum lugar que te inspirou assim? Me conta!