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Entrevista com Maurício Benvenutti- Startse

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Maurício Benvenutti ajudou a transformar um pequeno escritório de investimento na XP, a maior corretora do país. Quando a empresa já valia mais de um bilhão de Reais ele mudou para o Vale do Silício e agora é sócio da StartSe, a maior plataforma do Brasil para conectar empreendedores, investidores e mentores.

Entrevista com Maurício Benvenutti- Startse

Nesta entrevista Maurício compartilha o seu ponto de vista sobre quanto vale um boa ideia e como entender se sua ideia é boa, dá dicas de por onde começar se você tem poucos recursos, comenta sobre como está o mercado das startups no Brasil, sobre o jeito Silicon Valley de criar novos negócios, de como vê o empreendedorismo nas grandes corporações, além de falar sobre o é o Vale do Silício na visão dele. Confira!

Entrevista - Mauricio Benvenutti - Startse
Entrevista – Maurício Benvenutti – Startse

Tenho uma ideia, mas poucos recursos, por onde começar?

Maurício: Hoje em dia é impossível você conseguir qualquer coisa sozinho. Muitos brasileiros tem um certo receio em falar sobre suas ideias, a impressão é que as pessoas vão “roubar a ideia”. A questão é você pode ficar com a ideia na cabeça e outras pessoas fazer algo parecido e você ficar pra trás ou você pode compartilhar e tentar fazer a ideia se tornar algo realmente viável. Tem 7 bilhões de pessoas no mundo e certamente você não o único a ter uma boa ideia, é provável que a sua ideia até já esteja sendo desenvolvidas em outra parte do mundo.  O empreendedor que quer começar e não tem dinheiro, tem que falar com pessoas, fazer sua ideia ser compartilhada, tem que trabalhar pro negócio acontecer. Compartilhe suas ideias!

Quanto vale uma boa ideia?

Maurício: O Vale do Silício é muito pragmático quanto a isso. Imagine que você tem uma boa ideia, aí você compartilha com um grupo de amigos, alguns acham esta ideia sensacional, outros mais ou menos, outros acham que não vale a pena. Mas dois deles acham a ideia fantástica largam seus empregos e dedicam suas vidas 100%, trabalham dia e noite, 24 horas, durante durante dois anos pra fazer o negócio acontecer.  Depois deste período o negócio vale 100 milhões de Reais. Eles vendem o Business e ficam milionários, mas a ideia é sua e você não ganha absolutamente nada. O Vale do Silício te pergunta: quanto deste dinheiro você que realmente teve a ideia mereceria? E a resposta é clara: Nenhum! Porquê a ideia não tem valor nenhum se você não consegue tirar ela do papel e transferir pra realidade. Mas do que ter a ideia, você precisa fazer ela acontecer!

Como o empreendedorismo acontece?

Maurício: Um ecossistema de empreendedorismo acontece quando você tem 3 agentes:

  1. O jovem revoltado ou revolucionário: A pessoa com a ideia revolucionária, que quer inovar, quebrar paradigmas,
  2. Conhecimento – uma estrutura que te dê conhecimento, as universidades e experts que dão feedback e ajudam a melhorar sua ideia. No Vale por exemplo, temos a Singularity University, Stanford, Drapper University, UC Berlekey – só para citar algumas destas estruturas, ou seja você tem conhecimento de primeira linha com acesso muito fácil, qualquer café que você entre você vai encontrar pessoas super qualificadas, formadas nestes grandes centros ou dispostas a compartilhar um conhecimento extraordinário,
  3. O investidor, a pessoa que tem dinheiro e que acreditam nestas ideias e estão dispostas a colocar dinheiro para ver o projeto acontecer.

Negócios nascem em garagens, verdade ou um mito?

Maurício: Não é um mito. Os negócios hoje nascem de uma forma diferente, baseados numa estrutura muito enxuta e muito pequena e aí criou-se o mito que os negócios são de garagem, mas as empresas não necessariamente nascem no espaço garagens, elas começam em uma sala qualquer. Independente de ser em garagem, em uma incubadora ou aceleradora, isto mostra que o modelo de criação de negócios mudou. Não é preciso ter uma sala gigante na Faria Lima, o pequeno empreendedor hoje é capaz de competir com uma grande corporação de igual pra igual de qualquer lugar.

O Instagram quando foi comprado pelo Facebook tinha 16 funcionários e era uma empresa de 1 bilhão de Dólares, o WhatsApp é outro exemplo, quando revolucionou o mundo da comunicação tinha 40 pessoas e está aí passando por cima de empresas gigantes. O mercado chinês de empréstimo pessoal de pessoa para pessoa, está fazendo financeiras fecharem. Ao invés de ter uma super estrutura, um profissional que inventa um app pode resolver tudo em um botão.

Quando você tem uma ideia revolucionária, quando você tem o conhecimento e pessoas para fazer esta ideia ficar melhor a cada dia e quando você tem investidores dispostos a fazer aquela ideia crescer, você cria um negócio altamente inovador que compete com qualquer corporação do mundo inteiro.

Leia também: Tudo começou em uma simples garagem.

Como está o mercado de startups no Brasil?

Maurício: O mercado de startups no Brasil, está como o mercado de bolsas há 10 anos atrás. Startups fazem parte do noticiário, tem muita gente interessada, a demanda é muito grande, mas da mesma forma que existe o interesse tem muito desconhecimento.

O que é a Startse?

Maurício: O modelo da Startse é muito semelhante ao da XP, há um pouco mais de 10 anos existia uma demanda muito grande pelo mercado financeiro no Brasil, pela bolsa de valores. Existia o interesse mas era difícil de falar com estas pessoas sobre o mercado de ações porque elas não tinham conhecimento, então criamos uma plataforma de educação para capacitar estes potenciais investidores e eles passaram a falar a mesma língua que a gente e foi fácil disseminar o produto. Da mesma forma, o mercado de startups está hoje para o brasil, o que era o mercado de bolsa de valores há dez anos atrás.

Nós só vamos conseguir criar um ambiente eficiente de empreendedorismo no Brasil quando tivermos pessoas extremamente capacitadas para fazer isso.

O Startse tem 2 pilares principais:

  1. Educação: Educar tanto o empreendedor que quer criar sua startup, quanto os interessados em investir nestes negócios. Quem entrar em startse.com.br vai encontrar todas as instruções, cursos, workshops, palestras, eventos presenciais e online. O Startse transfere desta forma, o modo Silicon Valley de fazer Business.
  2. Conexão> Conectamos os agentes do mercado de empreendedorismo no Brasil. Você precisa conectar o empreendedor, investidor e mentores.  Você precisa do rebelde empreendedor, a pessoa que aposta nestas ideias e vai fazê-lo crescer, e os mentores que tem o conhecimento e podem ajudar com experiências passadas, conselhos e dicas.

A plataforma conta com 4 mil startups cadastradas, 12 mil empreendedores, 3500 investidores e 2500 mentores e nela todas estas pessoas se comunicam. Se você é uma startup e está começando você já pode ter acesso, dicas e se conectar com investidores, mentores e outros empreendedores e profissionais.

Como você vê o empreendedorismo nas grandes corporações?

Maurício: O empreendedorismo não está só restrito a quem cria negócios novos, o empreendedorismo é o mindset – forma de pensar, que pode estar embutido dentro dos funcionários que trabalham em empresas, mas tem características inovadoras. Não se faz mais inovação numa área de pesquisa e desenvolvimento dentro de uma empresa, as corporações não querem pessoas que executam ordens, mas sim as que trazem coisas novas, são estas pessoas que vão se diferenciar.

No Vale do Silício as empresas pensam tanto nisso que desenvolvem dentro das suas estruturas mecanismos para fazer com estes empreendedores que andam a 60 por hora possam andar a 120, se elas não tem suas próprias incubadoras, estão se tornando parceiras. A Google por exemplo tem a própria incubadora e incentiva os funcionários a desenvolver suas ideias dentro da empresa. Ou seja, você pode ser um empreendedor com pequenas atitudes, não só criando algo novo.

A Startse por exemplo está dentro da Rocket Space, um espaço de coworking no Vale onde tem 150 startups e grandes corporações se associaram para ter acesso a estes empreendedores com vontade de mudar o mundo. Estas empresas estão de olho e se perceberem que alguém está se destacando, elas logo se juntam, as companhias não querem competir, mas sim se associar e trazer estas inovações para seus negócios,

O empreendedorismo é algo que pertence a cada um de nós e a gente pode desenvolver estas habilidades pertencendo a estruturas que já existem ou criando novas. É o empreendedor que vai mudar e fazer do mundo um lugar melhor.

Como identificar uma boa ideia?

Maurício: Existem 4 maneiras de identificar se uma ideia é boa ou não:

  1. Uma boa ideia no início parece terrível, parece não fazer sentido. Se você tem vergonha de falar sobre sua ideia para os outros é porque esta ideia te deixa desconfortável, mas isto é um excelente sinal. Quando você está com vergonha de expor suas ideias para outras pessoas pode ser que você esteja com algo muito diferente dentro de você. Veja o exemplo do Google, foi o décimo terceiro mecanismo de buscas, o Yahoo já existia, todos eram associados a um portal e as pessoas entravam pelas notícias. O Google fez um página em branco com um botão, o que parecia terrível no início, imagine como as pessoas iriam ser atraídas para um site sem conteúdo?
  2. Um boa ideia tem que conseguir criar um monopólio em um pequeno mercado. Veja o exemplo do Airbnb, durante 6 meses foi a empresa de locação de hospedagem ao redor do centro de convenções de San Francisco. Eles bateram de porta em porta e ninguém conseguia competir quando tinha evento na cidade. Se você se torna um monopólio as suas chances de escalar são muito maiores.
  3. Mais vale uma ideia estar num pequeno mercado crescente, do que em um grande mercado, mais estagnada.
  4. Por que agora? Por que há daqui 2 anos é muito cedo e 2 anos atrás era muito tarde?

Se você responder sim a estas 4 perguntas, sua ideia tem grandes chances de ser uma boa ideia: Sua ideia parece terível? Tem chances de se tornar um monopólio em um pequeno mercado? Sua ideia está num mercado crescente? E por que agora?

Como se preparar para ir para o Vale do Silício?

Maurício: O principal erro que algumas pessoas cometem é não se planejar. É muito fácil ser sugado pelo Vale do Silício. Você vai ver muita coisa, acontecem muitos eventos e é muito fácil de se desvirtuar. Monte um planejamento e um roteiro com base nos seus interesses, verifique os Meetups, os locais que você tem interesse em conhecer e siga a agenda que você se propôs a fazer. Não venha e deixe a vida te levar para não perder as oportunidades enquanto estiver no Vale.

Leia também: Como se preparar para ir para o Vale do Silício.

O que é o Vale do Silício pra você?

No Vale do Silício você não é credenciado pelo stamp de Stanford que você tem no seu LinkedIn, mas sim pelo que você oferece, pelo que você é. Você não é credenciado por ter o carro da moda ou pela roupa de marca, você é credenciado pelo que você vai agregar na vida das outras pessoas. O Vale do Silício é um ambiente que valoriza muito a inovação, o empreendedorismo e valoriza acima de tudo o profissional que você é. É um lugar onde a credencial ela cada vez mais em desuso e tua habilidade está cada vez mais em acensão.

Foram tantas informações bacanas que deu o maior trabalho para resumir em 10 minutos, mas aí está nossa entrevista:

Quem precisa de algumas dicas e não sabe por onde começar, o Maurício recomenda:

A primeira sugestão é que você se registre na plataforma do Startse, onde automaticamente você pode estar visível a mentores que podem te ajudar a melhorar a ideia e aos investidores que podem verificar se tal ideia é interessante pra eles, e se for, rapidamente você pode ter pessoas contribuindo com o teu negócio.

Obrigada Maurício, por todas as dicas, é sempre um prazer aprender com você!

Waldana
Waldana
Inspirada por uma das lições mais valiosas do Vale do Silício: dê o seu melhor que a vida retribui, resolveu juntar sua experiência no segmento educação internacional, seu amor por viagens e seu entusiamo por novos negócios criando o blog para compartilhar um pouco de tudo que sabe e aprende todos os dias.

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